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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Esse é um critério justo?

Antes de entrar no tema principal da minha postagem quero deixar bem claro a importância que o Festival Internacional de Quilting e Patchwork de Gramado teve na minha vida. Se não me engano foi durante uma visita à edição de 2005 que eu decidi que iria me tornar uma quilter. A partir dessa data tudo que fiz foi com o objetivo de me aperfeiçoar. Fiz cursos com professoras de quilting, voltei à faculdade, onde fiz duas pós-graduação (Docência Superior e Comunicação na Moda), voltadas para o meu crescimento nessa área que tanto amo, comprei inúmeros livros que tratam do assunto e através da internet, estou sempre me colocando a par do que as quilters brasileiras e americanas estão fazendo.
Nós últimos anos o nível dos trabalhos que quilting melhoraram muito. Lembro que era comum ver peças participando da mostra competitiva com padrões de quilting muito simples, sem muita técnica. Hoje dá gosto de ver como as profissionais se aperfeiçoaram. É possível admirar peças com um grande nível de dificuldade. Brasileiras fazendo trabalhos na área do quilting que são reconhecidos a nível internacional.
E a maioria dessas quilters que chegaram a esse nível trabalham numa máquina estacionária, ou seja, não contam com as facilidades de uma longarm. Normalmente usamos uma máquina industrial adaptada para quilting. E não é fácil preparar uma peça para ser quiltada numa máquina estacionária, principalmente se for uma peça grande. É preciso espaço, temos que prender as três camadas para que não saiam do lugar e ainda temos que manusear a peça para dar forma aos padrões de quilting.
Numa longarm o preparo da peça é bem mais simples e rápido. E ainda tem algumas facilidades que a reta adaptada não nos oferece. Entre essas facilidades está o regulador de ponto e a praticidade de quiltar com régua. Você pode dizer que existem réguas para quiltar com a máquna estacionária, mas eu garanto que não é tão fácil quanto numa longarm.
Existe no Brasil muitas quilters de máquina estacionária que apresentam trabalhos com uma consistência no tamanho do ponto incrível. E isso não é fácil conseguir. É preciso muitas horas de treino. Nos meus cursos costumo comparar as quilters com pilotos de avião, quanto mais horas de voo, mais habilidade e experiência. A mesma coisa para mais horas de quilting. Numa longarm basta apertar alguns botões e o ponto sempre sairá do mesmo tamanho!
Será justo um festival colocar peças que foram quiltadas numa longarm e numa estacionária para serem avaliadas na mesma categoria? Não estaria na hora do Festival de Gramado por conta da sua história e importância para o patchwork e o quilting no Brasil fazer uma distinção nessa categoria?
Acredito que os organizadores de um Festival que tem uma mostra competitiva deve ter por princípio a preocupação com a elaboração de critérios justos.
Estive presente ao 20º Festival de Gramado e pude ver a grande quantidade de peças que foram feitas numa máquina estacionária que tinha um quilting excepcional, com nível de dificuldade, pontos regulares e preenchimento harmonioso. Não pude deixar de me questionar do porque de não ter uma categoria específica pra elas.
Acredito que o fato de competir de igual para igual com uma longarm quilter torna a competição desleal. Isso não é uma medida incentivadora. Por que eu iria competir num festival se estarei competindo com uma concorrente que tem um equipamento que apresenta funcionalidades melhores que o meu?
Dito isso, chegou a hora de comentar sobre a minha incredulidade ao ver a peça que ganhou o prêmio de melhor quiltng na 20ª Edição do Festival de Gramado. Eu não precisei de mais de 30 segundos para perceber que a peça foi feita numa longarm e que continha várias inconsistências com relação ao preenchimento do quilting. A peça apresentava uma densidade de quilting muito pequena no centro, o que não combinava com os padrões do meio e das bordas. Além de que os padrões do centro me pareceram feitos por computador, pois os cantos dos motivos não coincidiam com os cantos dos blocos.
Ao ver a peça escolhida fiquei me perguntando o que a comissão julgadora usou como critérios de julgamentos. Acredito que deva ter alguma boa explicação para a escolha, mas ao meu ver, nada que justifique, pois tinham peças feitas em longarms que apresentavam um nível de preenchimento melhor e mais cuidadoso, na minha opinião. Daí me vem outra pergunta: qual o nível de entendimento das avaliadoras do quilting desse festival? São pessoas que sabem quiltar? Essas pessoas sabem perceber quando é feito numa longarm ou numa estacionária? Para elas esses dois tipos de quilters são iguais e merecem disputar na mesma categoria?
Tudo isso me fez rever muitos dos meus posicionamentos. Eu nunca achei que haveria necessidade de participar de alguma associação de quilting, pois eu achava que isso não afetaria o meu trabalho. Grande engano! Eu preciso fazer parte de uma associação, eu preciso participar de algo onde eu possa expor os meus pontos de vista e buscar criar critérios mais justos para as quilters de máquina estacionária. Eu acho isso fundamental para quem deseja ver o quiltng e o patchwork crescendo cada vez mais no Brasil, pois não são todas que podem comprar uma longarm. E mesmo nos Estados Unidos, onde o número de longarms é muito maior que no Brasil, existe a separação entre as duas categorias. Acho que isso é uma demonstração de respeito para quem está participando da competição.
No meu entendimento um festival de quiltng que tem uma mostra competitiva tem por finalidade principal estimular a prática dessa arte e não fazer com que seus participantes tenham uma experiência frustante. Foi o que eu senti nesse último festival. Pois tinha uma peça quiltada por mim participando da competição e me pareceu muito injusto os critérios de julgamento do quilting. Não estou aqui dizendo que a minha peça merecia ter ganhado, mas sim, que achei injusto competir contra uma longarm quilter!
Desculpe pela ausência de fotos na postagem de hoje, mas achei melhor colocar penas texto, para expor a minha opinião.
Semana que vem volto com imagens de uma peça quiltada por mim! Obrigada por ter lido esse post até o final. Sinta-se à vontade para deixar a sua opinião aqui. Você acha justo quilters de longarm e quilters de máquina estacionária competirem na mesma categoria?

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